No mais, é isso: não tive batistério, mas dessa vida em gastura, esse batismo de dor da nossa vida de cafundós tem-me tratado por Doralice, que eu queria Alice e nada mais.
Minhas mãos são desertas de afago, meus seios do arrepio ao toque doutros dedos, meus lábios da quentura do beijo. Minha cova rima tanto com meus dias quanto o brilho dos meus olhos para o ranço da vida. Hão de abrir a minha cova onde estão os meus, debaixo de ramos secos; porque, na verdade, a gente recebe na cova o que é da nossa natureza de ser.
Minto que vivo sem paixão. Tenho duas: Teté, a cabra, e ele, o homem que escavo no sonho quando à noite eu preciso, mais que água fresca, de uns braços. Aí, com ele no sonho, olho nos seus olhos verdes, e capim e esperança e tudo nos cafundós se me faz verde em folha. Mas isso passa como luz de relâmpago.
Esse meu batismo não é coisa e coisinha como o guardar de gole de água pra mais noitinha, depois da ceia do chibé. Não, a dor tomou outro pulso: a alma se resseca e se tende a rachar que nem o chão. Aí bate o querer morrer, como eu quis. Então eu saí por aí, vazia de sentido que nem o cacto a guardar água de choro.
Quis o meu fim, abraçada à Teté. Mas que a vi a se contorcer, a berrar contra a morte, num pó em que um dia se ouviu a cantiguinha dum riacho, tomei-a nos braços e tirei de mim o pote para o dar a ela. No outro dia, é a vida, a chuva caiu e aos seus pingos eu entreguei os lábios, as mãos, os seios para que eles os tocassem, embora friamente os arrepiassem.
No mais, é isso: eu aqui.