Ah, este silêncio!
Abrigo de mistérios,
Que nem alma?
Enquanto em nada penso,
Neste ranchinho beiramata,
Vento passa e diz que o silêncio figura o nada. Prosinha de vento vadio!
Atento o silêncio profundo,
Sem fim,
Sem beira,
Sem sono.
Tudo dá à luz no seu meio:
Os anseios e seus antídotos,
Os vacilos e suas verdades,
Os clamores e seus clarões...
Isentivo?
Punitivo?
Ah, este silêncio!
Por mim, e sobre mim, é soberano,
Posto que o meu segredo de amor,
O meu segredo de amor tão nobre,
Não passe dum cativo no seu sótão.
Ranchinho em Ubatã, beira do Rio Grande, Minas.
Abril de 2017.