ELE passava o riozinho para desenhar a natureza, do lado em que ela morava; e ela, cabelo à maria-chiquinha, se punha a saltar às borboletas como em saltos de balé.
Da troca de “Oi” pintava silêncio, quebrado pela conversa costumeira. Mas um dia ela quebrou incomumente esse silêncio: “Você já sentiu saudade? Eu vou para a cidade grande, estudar. Desenha a cidade grande?”. E ele: “Nunca senti saudade nem desenho cidade grande, pois não imagino cidade grande”.
Nesse dia, entraram de mãos dadas na velha casa abandonada de uma vereda. Amaram a casa. Limparam-na com galhos folhados, e ela posou de vestido estampado para os lápis dele, que se sangraram nas cores da boniteza dela.
Viram-se outras vezes. Aliás, a última foi antes de muitos anos em que ele passou a viver o desejo de pintar o que sentia por ela: a saudade. Quando a saudade saiu do verde para o roxo, ele desembarcou na cidade grande.
Dias e dias sem vê-la, sentou-se num parque para refletir; e que abriu os olhos, uma figura de mulher, a se mesclar aos raios do sol, estava logo à sua frente, à beira de um lago. Seria ela, por não existir coincidências no amor?
Não. Não era. Mas que uma mão lhe pousou no ombro, aí sim, a intuição lhe disse que era ela; e era. Daí, frente a frente, e porque o amor não dissipa as feições, ele reconheceu a boniteza que dela fluía.
Deu ele um passo para o beijo; ela um passo para trás. Disse ela que há dias o reconhecera numa rua, que o seguira, e que tinha algo a lhe dizer: que se ia casar... Que, não soube ele o quê, mas que o amava, o que ele não ouviu.
Agora era ele a se ajustar ao desencanto, num vagão de segunda clas- se. Na sexta estação, desceria para a vida de refúgio nos campos e na velha casa abandonada. A propósito, esta seria a sua vida, não fosse ela gritar o seu nome, ao corredor do vagão, e correr para o beijo e à vida a dois.
Eles amam a velha casa abandonada. Sentem-se seus donos. Limpa- ram-na ao figurino, e ela os abriga como cúmplice do primeiro amor que eles fizeram quando criança.
Uau!!! Que linda história e que bom poder ler você Márcio. Não há nada que separa um amor de verdade. Parabéns meu amigo!! Carinho da Cida.
ResponderExcluirJosé Edward Guedes
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Hola querido Marcio! Esta es una hermosa historia. Beso Stell.
ResponderExcluirMágico! Amei! Suas histórias são quase etéreas entre o lírico e o real.
ResponderExcluirNada como o despertar do amor.
ResponderExcluirCadinho RoCo
Celêdian Assis - Para amores eternos, até o destino conspira para que o reencontro seja inevitável. Ótimo texto. Abraços
ResponderExcluirRegina Oliveira - Esse escritor e demais !!!!
ResponderExcluirUm texto onde o verso se veste de prosa e a prosa deixa transparecer em suas linhas o lirismo do poeta. Aplausos!
ResponderExcluirQue pequeno GRANDE texto amigo Márcio! Quanta beleza! Quanta riqueza!...
ResponderExcluirAbraços.
Lindo texto! Adorei.
ResponderExcluirObrigada pela visita,beijinhos.
Lindo demais, Márcio... a casa abandonada ficou no coração, e eles, ainda moram nela. maravilhoso!
ResponderExcluirEspero que você tenha um belo dia de domingo.
Abraços.
Maria Lopes de Andrade
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jose vitor Lemes
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QUE BELO CONTO! Com final feliz, como eu gosto!
ResponderExcluirQue lindo! Amei! *_*
ResponderExcluirLia Barone
Márcio, sou romântica incorrigível, mas esse é um dos mais lindos que já escreveu. Parabéns!
ResponderExcluirDemorei um pouquinho para chegar porque estive fora, mas não perderia o prazer que suas postagens me proporcionam. Seu conto é poético e lindo. Sua forma de narrar é mágica, tanto quanto o amor que descreveu. Abraço.
ResponderExcluirCeiça Lima
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Maria Lopes de Andrade
ResponderExcluirmarcou com +1
Belíssima e emocionante história, querido encantador de palavras, De um lirismo ímpar! E a poesia continua sendo sua aliada forte, escrava de sua magia, dando um toque sempre tão especial às suas prosas, Aplausos sempre! Bjs na alma,
ResponderExcluirSempre prazerosa, emocionante e irresistível cada leitura vinda de suas mãos
ResponderExcluirque tão bem reproduzem sua alma de artista!
Abraço!
Marilene Amaral Branquinho
Vanice Zimerman Ferreira compartilhou sua foto.
ResponderExcluirParabéns Márcio!!
Márcio Querido
ResponderExcluirComo você coloriu as palavras! De colorido terno e suave como é seu texto de amor! A casa não estava abandonada, ela abrigava em cada canto seu o mais puro sentimento e o mais sublime deles, que é o amor. Parabéns pela sensibilidade em escrever a dor da saudade pictoricamente. Seu texto é por demais bonito!
Se fosse apenas um amor a mais vá lá... Não era. Era um amor de lápis de cor e saudade, e reencontro e beleza a cada estação sem fim. Nota 10!
ResponderExcluirmuito bom.....gosto muito de boas historias bem contadas.....lhe convido a fazer parte do meu blog
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