O velho e erudito Observador de Ruas nunca fica sem conversa, ali, no banco da pracinha; nunca. Mas ninguém lhe perfuma o coração como as meninas Ianie, de nove anos, e Yasmim, de oito, que com ele bate um papo rápido, antes do sinal da escola no outro lado da rua. Elas lhe são as preferidas, embora tiram onda com ele com os casos que inventam.
Elas tiram onda, e ele não se emenda; ou acha legal entrar na onda, talvez pelo carinho que delas se solta. Dia lá, elas chegaram “Oi vô” e já lhe foram contando, uma atravessando a outra, que no bairro tal, a mãe e a filha na cozinha; mas que a mãe saiu à sala, olha a porta escancarada. “Nossa, alguém entrou!”, o velho se estatelou. “Ou vô, peraí “― Ianie lhe bateu de leve, no braço. ― “A menina chegou da escola e não fechou a porta, tá?”
Bem, aí... ― nessa hora, a dona Zica, a vozinha que vende quebra-queixo, chegou à pracinha. ― Bem, aí a mãe ouviu barulho no quarto e pé por pé deu com a porta aberta. “Santa Mãe! Alguém ligou à polícia?” ― disse o velho, de olhão, estatelado. “Ou vô, peraí pro senhor ver” ― Yasmim lhe bateu de leve, no braço.
Sim, ligaram pra polícia e a polícia entrou na casa, enquanto lá fora ó, assim, de curioso. Daí, ouviu-se o plaft e o craft de coisas caindo dentro da casa. Um soldado berrou: “Isso, segura esse safado! Arrocha-lhe o pescoço! Ah, bicho sem-vergonha!“. Aí o velho cortou o caso: “Hen, coisa boa é o bicho no xadrez. Lugar de bandido, gente perigosa, é no xadrez.”
“Que isso, vô, tadinho!” ― Ianie disse, e o velho a contestou: “Tadinho de um bandido, princesinha?”. Aí entrou a Yasmim, num ar de sorriso: “Bandido? Que é isso, vovô! Era gato do mato. Vô, a cidade e as máquinas destroem o lugar deles, e eles saem a procurar comida, tadinhos. Adeusinho, vovô!” ― disseram juntas, já indo atender ao sinal da escola
Elas se foram, rindo o seu ki, ki, ki, uaushus, shus, shus, e o velho, caído mais uma vez na onda delas, cruzou os braços ao peito, olhou para dona Zica, e a dona Zica do quebra-queixo, disse: “Quem pensava em gato do mato? Eitas meninas, hein?!”.
Enmanuell L
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¡Hola
ResponderExcluirMarcio, me gusta mucho la relación de el Velho con personas, especialmente con las dos niñas.
Beso! Stell....
Mais uma historinha que toca o coração! Sempre me emociono ao ler. Parabéns, Márcio Buriti! Abraço aqui da sombra da Canastra.
ResponderExcluirYsolda Cabral
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Silvio Oliveira De
ResponderExcluirboa meu poeta, parabéns continue sempre assim.
As crianças sempre nos surpreendem e você tem o dom de nos agradar com seus belos e criativos textos. Bom dia Márcio! Carinho da Cida.
ResponderExcluirBom dia Márcio, um conto lindo para ler e reler... com um importante alerta, sobre a destruição das matas... Parabéns!!Abraços, Van.
ResponderExcluirNaná Santos
ResponderExcluirEita que suas meninas são travessas, heim Marcio!
Amei o texto, meu querido.
Aliás, não os deixe de partilhá-los comigo, tá?
Um abraço
Carlos Rodrigues Gondim Gondim
ResponderExcluiraté eu achei que era um safado . muito bom buriti.
Ianie Davi
ResponderExcluirCompartilhou de novo, marcou com +1: SUSPENSE NA PRACINHA
Vera del Puente
ResponderExcluirque lindo!
frankli josue ibarra risco
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Vanice Ferreira
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Rudi Nicks
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Seu conto é gracioso, daqueles que massageiam o coração da gente. ;-)
ResponderExcluirmagi olazo
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Julia Viana
ResponderExcluirEmocionante seu conto poeta MarcioBuriti Texto,parabéns,deixo um abraço de amizade!!!!
Odir Milanez da Cunha
ResponderExcluirTentei o comento pelo celular e deu no que deu, amigo Marcio. Ia dizer-te que "Marcio Buriti é um poeta que se passa por prosista, mas, independente de seu querer, poetiza tudo aquilo que produz." Agora posso registrar os meus aplausos!
Ceiça Lima
ResponderExcluirCurtiu SUSPENSE NA PRACINHA
Olá Marcio
ResponderExcluirQuero que a minha visita tenha o mesmo calor que teve a sua em meu blog.
Sabe, as garotas das suas historinhas são sempre muito inteligentes!
Ah, antes que eu me esqueça: você notou que os nossos blogs são iguais, cada um com a nossa característica? Legal isso né?
Gostei demais da sua visita viu?
Por que você me chama de Iva e não de Van como todos?
Um abraço e até qualquer dia.
Mais uma vez o coitado caiu no conto das meninas rsrssr.
ResponderExcluirAdorei o seu texto!
Agradeço a visita.
Bom dia.
Delicioso de ler, Márcio.
ResponderExcluirÓtimo dia.
Abraço.
Ceiça Lima
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Boa noite Márcio, gostei muito de sua visita, muito obrigada viu! Amei seu texto muito encantador.
ResponderExcluirUma boa noite!
Maria Machado
Belo e reflexivo texto, Márcio! Ficamos mesmo tentados a pensar que só adulto sabe contar histórias, mas cada vez que nós as contamos, estamos semeando ou regando o jardim de sonhos e a criatividade das crianças e jovens, a quem quase nem temos "tempo" de ouvir. Talvez porque de algum modo construímos em nós o conceito de que lhes somos a referência e eles nos sejam meros receptores e decodificadores, esquecendo-nos de que temos muito a aprender também com eles. É preciso nos permitir vivenciar as lições que eles nos trazem, treinando nosso coração a ouvir sempre mais e melhor! Meu carinho te beija a alma.
ResponderExcluirE o vozinho ressabiado adora essas birncanagens!!
ResponderExcluirDelícia de história.
E pé por pé a gente vai entrando porta adentro, na certeza de que ali sempre acontece uma surpresa. E as duas, hein? Ah, vozinho, trata já de acompanhar essas traquinas que mais novidade pode pintar a qualquer hora. E eu dando os parabéns!
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