Aos
artistas plásticos, que nos doam, sem prever, histórias várias com suas telas.
A colina, seios aqui, seios acolá, toda em verde. Verde tal a alma do homem, ele que nela apanha bem-me-queres, se disfarçando aos olhares de censura dos donos das flores, os pássaros.
A colina, seios aqui, seios acolá, toda em verde. Verde tal a alma do homem, ele que nela apanha bem-me-queres, se disfarçando aos olhares de censura dos donos das flores, os pássaros.
O homem é esboço do mesmo pincel que deu vida à colina com seus seios e sombras, e ao céu com sua névoa e nuvens que quase se esbarram na linha da colina. Tem na mão um ramalhete, e, na alma, é o que se sente, a feição cinzenta da mulher que ama; feição que se apega mais a cinza com a agonia do trem que e-vem entre os seios da colina: platplatplatplat, ôôôôôô, platplatplatplat, ôôôôôô!
A alma do homem ao campo vê a mulher que ama, ela no quarto, olhar entregue ao vão da janela... À espera do trem? Oh, Deus! ― pôs-se em disparada, para não perdê-la para o trem.
Embora tarde demais, deita o ramalhete na cama, ao lado da mala pronta da mulher. Não lhe sai o “por que, se eu te amo? “. Não, apenas baixa a cabeça, morde os lábios e, ao vê-la transpor a porta da casinha, se lhe deitam abaixo as lágrimas.
A dor lateja ao que destrói até o seu píncaro, o passável, pois, aí, ou se vem o vago, que não dá sinal de fim, ou se vem o oposto, o prazer, que não dá sinal de fim. Então, entre ele e ela, agora, o trem na estaçãozinha: buf... buf... buf. Aí, não há um quê que lhe erga o rosto para vê-la à janela do vagão, e vive, cabisbaixo, o trem entrar em agonia e levá-la para sempre.
Assim, a máquina geme e se alui e leva a sua dor ao píncaro, pra se agoniar em platplatplat, ôôôôôô, platplatplat, ôôôôôô, às curvas do mundo. Tem-se de beber a água salgada do canto da boca, desmorder os lábios, abrir os olhos à vida, dizer à vida: “ou, eu estou aqui! “
Está aqui que ele ergue o rosto e, que passa o último vagão, a sua vida está ali, à sua frente: a mulher que ama está ali, na estaçãozinha, às lágrimas, mala pronta aos pés a dizer a ele, depois da agonia do trem: “ou, eu estou aqui! “
A colina, seios aqui, seios acolá, toda em verde. Verde como as almas deles, ele e ela que nela apanham bem-me-queres, se disfarçando aos olhares de censura dos donos das flores, os pássaros.
Mucha imaginación, cosa de cada día, hermosa, triste y alegre. Gracias, Marcio. Beso de Stell.
ResponderExcluirA magia do trem passando e o descortinar de uma paisagem linda, motiva artistas a pintá-la em quadros exuberantes e com palavras mágicas.
ResponderExcluirÉ um fascínio a passgem do trem no interior.
Existem até crianças a esperá-lo , aguardando balas saborosas que são jogadas pelos passageiros.
Era até comum no interior chegar-se às estações para esperá-lo. Trazia muitas vezes a pessoa amada, tão aguardada.
Sua partida deixava tristeza e trazia também a esperança verde das montanhas tortuosas.
Muito bem escolhido o tema com inspiração fantástica par os apreciadores da natureza.
Um encanto, Márcio.
Silvio Oliveira De
ResponderExcluirgostei , continue meu poeta, mas continuo esperando em Franca
Rafhaella Borges
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Valeria Mendonça Tavares
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Soniva Soares
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Graças ao pincel de Marcio, vi o trem, vi o homem, a mulher, a casinha, o ramalhete, vi tudo, tudinho... O olhar que silenciou o que devia ter sido dito também é nítido aos olhos de quem lê. Obra-prima, extraída da tela, transposta na poesia das palavras. Excelente, claro!
ResponderExcluirSônia Iunes
ResponderExcluirMuito bonito! saudades
Sônia Iunes
ResponderExcluirMuito bonito! saudades
Alberto Butler Coca
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Miguel Angel Garcia Villareal
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Marcele Moreira
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Lorena Vilcaz
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Lúcia Freitas
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Marisa Piedras
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Lia Fragmentos De Cotidiano
ResponderExcluirMuito bom MarcioBuriti ... Bjão *_*
Jesiel Miranda
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Na simplicidade se vê o sentimento mais bonito que há “o amor.” E fica mais bonito ainda descrito em seus textos. Belo!! Carinho da Cida.
ResponderExcluirNaná Santos
ResponderExcluirDepois de ler essa maravilha, eu estou aqui para parabenizá-lo e agradecê-lo também pela partilha.
Um abraço, Marcio.
Ler você neste momento foi um bálsamo para minha alma entristecida. O Brasil acaba de levar, somente no primeiro tempo, cinco gols da Alemanha. Creio que vou ficar por aqui. É o mais acertado. Sabe, ''os donos das flores,'' meus vizinhos, estão silenciosos ( 18:h). Vou aproveitar para reler a sua prosa.
ResponderExcluirOdir Milanez da Cunha
ResponderExcluirO mago das palavras em prosas poéticas, Márcio Buriti!
Fatima Galdino
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Mais um texto à altura de seu trato com a poesia em prosa, literato Márcio Buriti. Fraterno nos aplausos e no abraço,
ResponderExcluirOdir Milanez
Leonardo Damian Pavoni
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Sissym Mascarenhas
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Obrigada por este momento poético, amigo Márcio. Belíssimos momentos de amor, repletos de doçura.
ResponderExcluirBeijinho, um doce fim-de-semana
Ruthia d'O Berço do Mundo
Amei. Chegadas são sempre bem vindas. Partidas sejam de que natureza forem, mexem com o coração. Tocante.
ResponderExcluirJuliana Romanin
ResponderExcluirGOSTEI MUITO..........
Nellie K. Adaba
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Bom dia Márcio, parabéns pela sensibilidade e jeito especial de desenhar, em seu lindo conto emoções, pincelando contornos e cores que envolvem o olhar e o coração! Abraços, Van.
ResponderExcluirBoa noite Márcio, como sempre encontro aqui um belo conto, vindo da alma de um artista que pinta as suas telas com palavras, palavras que formam belo quadro transmitindo muita sensibilidade, o trem que levou sua amada, o trem que não a trouxe de volta, o trem motivo de festa para muitos para ele lembrança do final de um amor, abraços Luconi
ResponderExcluirluzes dobem
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Para tamanha beleza poética extraída do sublime encantamento da tela, só posso levantar-me para aplaudir-te, caro Marcio. É irretocável a tua expressividade lírica. Parabéns e um grande abraço.
ResponderExcluirGosto muito dos seus contos, Marcio, e desse especialmente.
ResponderExcluirAbraços,
Renata
Ângela Santos
ResponderExcluirQuerido Buriti, seus textos são preciosidades!!! Bjão.
Silvio Oliveira De
ResponderExcluirparabens cumpadi
Marcio, essa pintura, que tem por pincel as palavras, traduz sua sensibilidade e talento. Colocou-me no espaço descrito, possibilitando-me penetrar nas emoções que lindamente criou para o casal. Sempre me encanto com seus contos.
ResponderExcluirObrigada, meu amigo, pelo conforto de sua manifestação, em momento difícil. Grande abraço.
Maria Mineira
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Isaías Medina López
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Carlos Rodrigues Gondim Gondim
ResponderExcluirpoesia romântica , gostei márcio buriti , parabéns
Regina Oliveira
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Marisa Piedras
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Julia Viana Lianatins
ResponderExcluirMagnífico seu conto,ficou cheio de emoções escritor/poeta MarcioBuriti Textos! Uma ótima noite desejo a você,Julia.
Maria Mineira
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Nunca cansa ler de novo este magnífico conto.
ResponderExcluirBeijos e boa semana, Marcio,
Renata
Ceiça Lima
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Marilene Duarte,
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Vera Lúcia Duarte
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