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terça-feira, 24 de setembro de 2019

Meu filho

A calmaria da Vila, é a calmaria da Vila. Seduz tanto, que creio se fazer de palco do vento; vento que enreda coisas à copa das árvores e cochicha seus longes aos pássaros. O sol hoje dá cores cambiantes ao rio e ao céu, mas não difusa a cor da parede da sumaúma do fim da vila, à qual eu me sento para não pensar em nada. Aí, a caminho do meu introverso, um incomum: uma mulher a olhar para o campinho de futebol. Me achego a ela, ao seu rosto simples, anestesiado em dor, acho. Um rosto a se quebrar de seco, encovado, olhos amiudados pela fundura. Sem que eu pergunte, ela diz a meio sorriso, sem tirar os olhos do campinho sem bola, vazio: 
— É meu filho… Doze anos! Arrumo a cama dele e corro aqui, toda manhã, para vê-lo jogar o seu futebol com os outros.


 [Casa de Maria, Vila Ponta de Pedras, Rio Tapajós, Amazônia, 19 de setembro de 2019]