Uma troca de olhar, e o quê que dele escapou fez seu coração bater a pêndulo. Foi como se o procurasse desde outro mundo. Então o cuco da sua alma cantou, ela se fez em Sherlock e o viu entrar no número 234, de três andares. Esperou-o sair, e o seguiu até um bar, onde lhe esperava uma mulher. Sem pestanejar, bateu atrás: “Oi meu amor!” Ele, atônito: “Meu amor?!” “Ué! Não?!” ― Ela disse, e eles pegaram caminhos opostos na calçada.
Novo dia, e, no caminho do ofício de Sherlock, o ofício do chaveiro. Mais tarde: “Pronto, senhora; aqui, as chaves.” Assim, ela o pegou dormindo e se deitou ao seu lado. Como se fosse em sonho, entregue à louca poesia que o corpo dela escrevia no seu, ele a amou. Mas que acordou, que deu-se conta... “Como entrou?”. “As portas ao trinco.” “Saia!”. “Sim.” Disse, manhosa, tentando prender o sutiã. “Me ajuda aqui?”.
Novo dia, ela tirou da bolsa a agendinha dele. Ligou, ele desligou. Aí, num relance de ideia, falou com um amigo da lista; um médico, que a recebeu no consultório. Mais tarde, foi postar-se à frente do 234, a gritar que o amava. Gritou até um vizinho sair à janela: “Deixa essa maluca subir!”. Sim, ela subiu, se colou a ele, como que por encaixe, e que o mundo se acabasse ali.
No entanto, ao tentar se sair dela, acabou por jogá-la ao chão. E ela, naquele silêncio pesado, ergueu-se, mostrando que ainda lhe brilhava no rosto o amor que por ele sentia. Daí, entrou no banheiro para recompor a pintura e ir-se embora e não mais voltar ali; mas do banheiro não saía.
Passos pra lá e pra cá, ele resolveu forçar a porta, e a encontrou caída, com o punho ensanguentado. Desvairado, medo da situação, ligou para o amigo médico, que, daí a instante, diria: “Ela ainda está viva. Vou estancar o sangue aqui mesmo. Assim a Polícia... Vá pela cidade, amigo. Te ligo, vai.” E ele saiu para um trago em cada bar.
Enquanto isso, no seu apê... “Ótimo, Karen. Seus dias de luta foram internacionais. Ele precisa de um amor como o seu... Lave essa tintura do pulso. Aplicarei a anestesia para a tatuagem à cor da pele, enfaixarei seu punho, e você ficará aqui por uns dias... Direi a ele que o verdadeiro amor surge, às vezes, de um momento difícil.”.
Karen ainda se lembra do ramalhete que ele lhe trouxe, pela sua recuperação. Eles se casaram, eles se amam, e o médico e a sua mulher são seus melhores amigos, além de padrinhos do seu filho.
Hamilton Santos
ResponderExcluircurtiu isto.
Ceiça Lima
ResponderExcluirMarcioBuriti Texto Que lindo!!! parabéns. Tenha um bom dia.
Vanice Zimerman Ferreira
ResponderExcluirBelo!!Envolvente do início ao fim, que surpreende, parabéns!!Abraços, Van.
Marcele Moreira
ResponderExcluirMarcou sua postagem com +1
Vera del Puente
ResponderExcluirCurtiu isso.
Hola, Marcio! Texto muy lindo, Día Internacional de la Mujer viene. Gracias por compartir. Beso Stell.
ResponderExcluirRegina Oliveira
ResponderExcluirComo sempre arrasando... parabéns Marcio Buriti.
Uma linda história de amor! Gosto muito de ler você poetamigo Márcio. Carinho da Cida.
ResponderExcluirCida Peres
ResponderExcluirParabéns por esse texto Márcio! Tenha uma boa tarde! Bj.
Muito lindo, muito louco, muito amor!
ResponderExcluirBela trama! Amor louco o dessa mulher!
ResponderExcluirQue coisa! Surpreendente no novo estilo. Adorei! Abraço pernambucano.
ResponderExcluirOlá, Marcio. Parabéns pelo texto! O amor tem caminhos tortuosos, mas sempre chega aonde tem que chegar!
ResponderExcluirOlá Márcio,
ResponderExcluirExcelente crônica. Envolvente e surpreendente. Loucuras do amor.
Também uma homenagem, acredito, ao Dia Internacional da Mulher.
Ótimo final de semana.
Abraço.
Que bom que teve um final feliz. Amei.Conceição Gomes.
ResponderExcluirLiana Tins
ResponderExcluirVocê sempre nos encantando com os seus textos poeta MarcioBuriti,um abraço.
Marilise Batista,
ResponderExcluirCurtiu isso.
Margareth Ferreira
ResponderExcluirCurtiu isso.
Marcio, surpreendeu-me! Você entrou em um terreno onde ainda não o havia encontrado. Loucuras de amor com final feliz. Amei. Abraço.
ResponderExcluirAinda bem que teve um final feliz, hein.
ResponderExcluirExcelente teus textos, Marcio! Parabéns pelo lindo dom!
Beijos
Sinceramente, assim que li, achei o texto um pouco trágico. Uma louca mulher ou um louco amor? Não sei. Graças a Deus, um final feliz e mais um lindo texto.
ResponderExcluirParabéns!
O amor tem dessas loucuras, querido Márcio! Quanta insensatez já ilustrou as artimanhas femininas na luta por um grande amor?!... E as masculinas também! Talvez porque o amor seja movido também pela paixão, quando ela chega, vai desenhando caminhos surpreendentes e colorindo de magia a pele e o coração. Grande abraço, querido encantador de palavras!
ResponderExcluirE tudo seria tão diferente se Karen se recolhe e fecha os olhos ao amor. Ainda bem que a pena de Buriti não deixou acontecer. Internacional, de tão bonito!
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