LÁ VAI e vem lá Maria
distraída, desvalida. Um nada nas bocas de mau gosto. Numa dessas bocas que
refletem, tristemente, as almas devedoras, ela é tão-só Maria Pobre, Maria Sarjeta,
Maria SemValor, viva em tão mísero valor dos seus brincos, pingentes, lacinhos,
bugigangas na bolsa puída e nas sacolas ao ombro. A que se presta Maria? A mendigar
comida e cantarolar nem a si mesma pelas ruas? Que ontem e que hoje e que amanhã
será de Maria? Maria é de juntar mosquito e de juntar piolho e de juntar cachorro
à barra da saia de chita. Doida? Hã! Maria que fala com outra Maria, a de
Nazaré? É um cúmulo de não se sabe o quê! Se paga pra ver! Maria fala, mas é com
o que juntou pela estrada da vida: cacos de coisada e anos vazios... Com sua
marmita, o fogareiro de qualquer canto de parede, o travesseiro de papelão, o colchão
de jornais amarelados... Com seu cobertor furado, e à luz da vela que vela seu
sono em qualquer canto de parede. É com isso que Maria fala. Ora! Amores?! Que
amores? Quem tão imprestável ou insano iria prestar amor a Maria? Qual! Amor é uma
coisa rara. É um diamante numa montanha de cascalhos. Diamante de sete cores. A
cada cor a sua dedicação. E dedicação nasce da consciência. E que consciência
tem Maria, se não teve o ontem, não tem o hoje e nem terá o amanhã? O tempo
para Maria é algo insosso; inteiriço. Não há etapas, nesse tempo. Não há
estações. Então, vem-me dizer que a florzinha que ela ostenta no cabelo teve a
sua primavera? Que é primavera? Vem-me dizer que a chuva que cai sobre ela tem
o seu verão? Que é verão? Maria é um eterno passar em branca nuvem... Ou se
dizia que era, pois eu bati na boca, e ainda bato na boca como os outros todos por
julgar Maria. Nós, capacitados a apontar ao que é joio e trigo, julgamos mal
Maria... Sim! Não é que ela, sem mais nem menos, se disparou a uma casa,
invadiu-a, acenou e acenou e insistiu entrar no quarto de um bebê. No quarto, a
mamãe se estacou diante da criança asfixiada, arroxeada no berço, a um piscar
da morte. Então, Maria se mostrou a que se presta: tomou o bebê nos braços e
sorveu da criança o que a levaria a outros sopros de vida. Maria engoliu a
morte da criança, assim correu a notícia; e, por isso, Maria se fez na nossa
Maria Estrela. Diga-se nossa Maria Estrela até que caia o último de nós,
enquanto outros se vão brotando nesse lugar. A esses, novas gentes e ideias, Maria,
que fala com outra Maria, a de Nazaré, e que está acima das nossas fraquezas e
mazelas, voltará à raiz da Maria Pobre, Maria Sarjeta, Maria SemValor.
Nossa que magnífico conto,parabéns adorei ler e sentir que há nuitas Marias nesta que descreves.....LINDOOOOOO!!!!!!!!!!!!!! .AMEI. Carinhosamente Beijos Mil- Ly
Boa noite Márcio! Você deixa aqui uma bela reflexão. Quando a gente pensa que diante da vida somos sofredores e que sabemos tudo, deparamos com senas iguais a essas que você narra e vemos que somos ingratos e que não sabemos tanto assim. Obrigada amigo por essa bela leitura. Carinho da Cida.
" Maria fala, mas é com o que juntou na estrada da vida: cacos de coisadas e anos vazios..." Crônica forte, triste e realista. Llida num domingo, logo cedinho, faz a gente querer rever os nossos '' cacos." Abraços, meu talentoso e bom amigo. Ysolda
Maria e outras mulheres personificando a humildade e o amor ao Próximo e alição de vida, principalmente. Muito sugestivo para homenagear a mulher no seu dia especial. Vilma
es así, la vida. Es atenta reflexión.
ResponderExcluirNossa que magnífico conto,parabéns adorei ler e sentir que há nuitas Marias nesta que descreves.....LINDOOOOOO!!!!!!!!!!!!!! .AMEI.
ResponderExcluirCarinhosamente Beijos Mil- Ly
Acho uma pena voce não estar mais no Recanto....-Ly
ResponderExcluirBoa noite Márcio! Você deixa aqui uma bela reflexão. Quando a gente pensa que diante da vida somos sofredores e que sabemos tudo, deparamos com senas iguais a essas que você narra e vemos que somos ingratos e que não sabemos tanto assim. Obrigada amigo por essa bela leitura. Carinho da Cida.
ResponderExcluir" Maria fala, mas é com o que juntou na estrada da vida: cacos de coisadas e anos vazios..." Crônica forte, triste e realista. Llida num domingo, logo cedinho, faz a gente querer rever os nossos '' cacos." Abraços, meu talentoso e bom amigo. Ysolda
ResponderExcluirMaria e outras mulheres personificando a humildade e o amor ao Próximo e alição de vida, principalmente.
ResponderExcluirMuito sugestivo para homenagear a mulher no seu dia especial.
Vilma