Asas cortadas,
e minhas penas,
antes verdes,
eram da pura cor da terra
pelas minhas ideias a rés-do-chão.
Não me via a planar,
além desses morros,
pra ver a minha presa,
prenda solta sobre os verdes.
Morno,
que nem lusco-fusco pra noite,
eu não sabia que a verdade é voar,
ser livre como o claro do dia,
ou a esse gaviãozinho voante sobre tudo.
Mas arrostei o que eu retinha de escuro,
dei-lhe luz e voei.
Pairei além desses morros
e vi a minha presa,
prenda pronta às minhas garras.
E agora eu posso ensinar,
num a prazo em conversa como essa,
que o amor me cutucou ao voo para a liberdade.
(Da janela do quarto, o velhinho volta o olhar à sua presa, sua prenda, sua velhinha ainda na cama. Dois grandes bonitos da vida — ele bate no peito —, é vê minha veínha acordá e o dia nascê com o sabiá).