Para Yasmim, Mim, Mimim como diz seu Vô.
Mim e suas priminhas. Brincavam de boneca, ao fundo do quintal. Quando é fé, um bandinho de Sofrês passou para o quintal de Sô Ridico: vruuuruuup!
Mim colou o ouvido no muro: não houve tiro de espingarda nem nada. E se não se ouviu nada, sinal de que Sô Ridico nem seu cãozinho es-tavam em casa. E se eles não estavam em casa...
Mim subiu no muro, garrou o galhão e se aninhou no pé de jabuticaba. Tof, tof, tof!, era jabuticaba, cada bichona assim, estalando no céu da sua boca. E ela atirava jabuticabas às priminhas.
Atirava, porque ouviu o “au!, au!, au!” do Espoleta, o cãozinho de Sô Ridico. Não bastasse o “au!, au!, au!”, ouviu o “xap!, xap!, xap!” das pisadas do velhinho rídico, que não dava fruta a ninguém.
Ai, ai, ai, São Gabriel! E agora? Espoleta latindo, esticando o pescocinho para ela, e o velhinho embaixo, espingarda ao ombro. Boca cheia de casca, o corpinho grudado no galhão, ela viu os Sofrês voando longe, no azul do céu. Jeito foi pedir a São Gabriel, e o socorro veio: o velhinho voltou para dentro com seu cãozinho.
Pense numa coisa boa pra rir, que ela saltou e caiu de bundinha no chão... Pense também em que ela virou, quando o velhinho bateu na porta, chamando a sua mãe... Uma estatuazinha? Uma pedrona de gelo? Pode ser, mas Mim foi às nuvens, ao ouvir o velhinho: “Dona, toma aqui jabuticaba do meu melhor pezão... A senhora deve gostar, e sua menininha também”.
Ufa! Mas Mim nunca ficou livre de uma coisa: o sorriso escondido, zombeteiro, que Sô Ridico lhe dava, assim que ela passava para ir à escola. O sorriso era o mesmo que lhe dizer: “Pensando que não te vi, roubando jabuticaba? Hã? Ah, menininha bonita!”.
Mim e suas priminhas. Brincavam de boneca, ao fundo do quintal. Quando é fé, um bandinho de Sofrês passou para o quintal de Sô Ridico: vruuuruuup!
Mim colou o ouvido no muro: não houve tiro de espingarda nem nada. E se não se ouviu nada, sinal de que Sô Ridico nem seu cãozinho es-tavam em casa. E se eles não estavam em casa...
Mim subiu no muro, garrou o galhão e se aninhou no pé de jabuticaba. Tof, tof, tof!, era jabuticaba, cada bichona assim, estalando no céu da sua boca. E ela atirava jabuticabas às priminhas.
Atirava, porque ouviu o “au!, au!, au!” do Espoleta, o cãozinho de Sô Ridico. Não bastasse o “au!, au!, au!”, ouviu o “xap!, xap!, xap!” das pisadas do velhinho rídico, que não dava fruta a ninguém.
Ai, ai, ai, São Gabriel! E agora? Espoleta latindo, esticando o pescocinho para ela, e o velhinho embaixo, espingarda ao ombro. Boca cheia de casca, o corpinho grudado no galhão, ela viu os Sofrês voando longe, no azul do céu. Jeito foi pedir a São Gabriel, e o socorro veio: o velhinho voltou para dentro com seu cãozinho.
Pense numa coisa boa pra rir, que ela saltou e caiu de bundinha no chão... Pense também em que ela virou, quando o velhinho bateu na porta, chamando a sua mãe... Uma estatuazinha? Uma pedrona de gelo? Pode ser, mas Mim foi às nuvens, ao ouvir o velhinho: “Dona, toma aqui jabuticaba do meu melhor pezão... A senhora deve gostar, e sua menininha também”.
Ufa! Mas Mim nunca ficou livre de uma coisa: o sorriso escondido, zombeteiro, que Sô Ridico lhe dava, assim que ela passava para ir à escola. O sorriso era o mesmo que lhe dizer: “Pensando que não te vi, roubando jabuticaba? Hã? Ah, menininha bonita!”.
Amigo MarcioBuriti, disfruté la niña y el anciano Ridico. ¿El abuelo sabía todo, eh? Abrazo.
ResponderExcluirQue delícia de historinha essa, Marcio Buriti. Eu adoreieee! E ô...Adoro jabuticabas também.Bj. (Gall)
ResponderExcluirVocê é magnífico, esplêndido!! para mim, nada se iguala a ti, tens um dom de encantar-nos com teus textos, como jamais vi em algum poeta. Um abração.
ResponderExcluirQuem na sua infância não fez coisas assim? Mas ninguém contaria tão bem quanto você Marcio. Bom demais ler você!
ResponderExcluirrsrsrs... você me trouxe muitas memórias. Uma vez, fui 'pega' sobre o pessegueiro do vizinho. Todos os meus colegas o viram e fugiram, menos eu. Quando olhei para baixo, ele estava de mãos na cintura, e exclamou: "Até você, Ana Maria?" Fiquei passada, mas ele não contou nada à minha mãe. Adorei a história, Marcio!
ResponderExcluirMárcio esse seu dom para escrever para criança me encanta.
ResponderExcluirLucimar
Ai, que delícia as aventuras das suas personagens tão lindas e singelas, tão reais. Mais gostoso que jaboticaba madura!
ResponderExcluirExpressar emoções é um dom.Você o faz muito bem.Sempre nos contagiando com contos sedutores e de grande enlevo.
ResponderExcluirParabéns pelas suas belas e sábias palavras! Inês
Marcio gostei muito meus aplausos por mas um belo trabalho, uma história que nos prende a leitura de beleza magistral, parabéns mais uma bela obra.
ResponderExcluirMaria Mendes
Seus contos são formidáveis, Marcio. Quem já não passou por um aperto desses, quando criança???? (rss). Abraço.
ResponderExcluirArtimanhas de criança, quem não as fez um dia? A sua leitora, que lhe escreve no momento, fez uma traquinagem semelhante uma certa vez. Só que era para colher flores. Na hora estremeci, mas hoje ela faz parte de meu passado muito feliz.
ResponderExcluirAdorei porque revivi minha infância querida.
Parabéns!
Una obra maestra de la infancia, los robos de fruta en el jardín del vecino. La lectura que nos hace cerrar los ojos y volver a los albores de la vida. Beso, Marcio.
ResponderExcluirJoan
Uma maravilha de texto. Saudade da infância, agora. Meu beijo, Marcio.
ResponderExcluirRenata V. Mathias
Como é que não tinha lido este texto? Fantástico! Amei os personagens tão puros, mesmo com a avareza de Sô Ridico. Abraço, poeta Marcio.
ResponderExcluirSandra Regina Campos
Demais! Já passando para ouvidos infantis aqui. Beijo, escritor maravilhoso.
ResponderExcluirAna Lúcia Oliveira R.
Coisa mais boa, historinha da melhor de roubo de jabuticaba... Maravilha, Márcio! Voei na sua mágica, queridooooo. Bjo,
ResponderExcluirValériaTM
Fantástico, fantástico, fantástico! oh, que vontade ser a sua Mimim... lindo demais. Beijo e beijo e beijo...rsrsrs.
ResponderExcluirDarc Alcântara
airoso texto, querido Marcio. Abracinho,
ResponderExcluirLuana Varela, de Almerim.
Marcio, e eu perdendo este texto, querido. Você é 10 de anjinho, rsrs. Beijo....
ResponderExcluirAna Cabral
Sempre um prazer estar aqui. Você anjo com seus anjos de escrita. Lindo, voltei!
ResponderExcluirMapê César.
Que pureza! Melhor que a gente viaja no texto... Muito legal!
ResponderExcluirCarlosRodrigues.
Que pureza! Melhor que a gente viaja no texto... Muito legal!
ResponderExcluirCarlosRodrigues.
Ahhhhh! As peraltices de criança!!! Nem me fale de pé de jabuticabas! Só quem já teve um no quintal e/ou na porta da cozinha sabe a felicidade de que ele é capaz! E você mostra isso magistralmente, querido Márcio!
ResponderExcluirQue lindinha de história!!! Adorei...
ResponderExcluirMarcela Dias
Achei esse texto uma ternura, Buriti. Obrigado.
ResponderExcluirAguinaldo
Maravilha!
ResponderExcluirAline Cordeiro
Olhando o seu site vi esse texto bonito demais...
ResponderExcluirAllan Teodoro
Para mim esse é um clássico das saudades. E muito bem e reduzida no texto para abrilhantar mais. Nova releitura tem-se de de fazer nesse texto magistral. Parabéns, caro Buriti.
ResponderExcluirAdilson Mariano
Iasmim representa a muitas de nós. Lindo, Márcio!!!
ResponderExcluirMaria Rita
Que chique é a Iasmim, meu Deus..... Chique é você, escritor Marcio!
ResponderExcluirBeijo de Anamaria.
Uh! jabuticabas!!! Joga pra mim, Iasmim, rsrsrs. Lindo você, querido.
ResponderExcluirAdriane Prado
Oi Marcio, como é que teve essa linda inspiração? Beijos...
ResponderExcluirBia Nogueira
Mim (através de você) me levou ao quintal de casa. Mim é dmais! Torci muito por ela, naquela hora dificil, ao pé de jabuticaba. Grato!
ResponderExcluirAntônio Celso
Outro clássico! Que viagem eu fiz com a Mim...
ResponderExcluirIsabel Dias
Lindo demais, Márcio Buriti! Que medo eu tive de seu ridico, mas ele fingiu que não viu a mim na sua goiabeira de estimação... rsrsrs
ResponderExcluirMaria Cristina
Demais! Você me põe a sonhar, Marcio, rsrsrsrs. Beijo.
ResponderExcluirEdnira
sem igual, buriti. nota 100 pra você que criou esses personagens bacanas. pedro alves ferreira
ResponderExcluirvou escrever lindo até encher esse quadro... rsrsrs Realmente, você é 10.
ResponderExcluirHélia Cardoso
Sensacional! Que medo eu passei pela Mim...
ResponderExcluirArtur de Oliveira