Prosinha à menininha Ana Rezende Ceccato, a Aninha.
Mensageiras da alegria, as andorinhas gazeiam, vadias, vedetes, vivazes à cata de fantasias entre os filetes do sol, fartas das gotas de alhures arrebol. Passeiam no trópico, a vida a mil; mas ruflam as asinhas, giram-se no céu como um fio azul sob o espelho de anil, e mergulham, sagazes, tal o rigor do raio, vorazes para o galho que resiste ao balanço de Aninha. Aí, se enlevam, seduzidas, e se esquecem, abstraídas, ao doce balanço de Aninha.
Olham-se indecisas à cantiga do balanço no galho, “vrec, vrec, vem / vrac, vrac, vai”, ruflam as asinhas ao trabalho de tecer o verão, o cordão de andorinhas. Qual o quê! Giram-se no céu como um fio azul sob o espelho de anil, e furam espaço abaixo, como um traço ao tempo de um pio, as cabecinhas ávidas, os coraçõezinhos flácidos tecidos pelo instante mágico de se estarem no galho que resiste ao balanço de Aninha. Aí, se enlevam, seduzidas, e se esquecem, abstraídas, ao doce balanço de Aninha.
Olham imprecisas para o cabelo de Aninha, que ele voa, que nele soa o som da primavera. Mensageiras da alegria, ah, pudera abrir o verão, ouvir o que se passa nos fios, aquecer o frio de um coração... Quisera, tivessem o carinho de um beiral para o ninho com vista para a montanha! Mas nem a isso se assanham, e giram-se no céu como um fio azul sob o espelho de anil, e mergulham como risco de água no funil, para o galho que resiste ao balanço de Aninha. Aí, se enlevam, seduzidas, e se esquecem, abstraídas, ao doce balanço de Aninha.
Mas hão de fazer o verão, o cordão de andorinhas, assim que os cabelos de Aninha cheirarem a verão.
Já disse que adoooooro tudo que escreve? Não? Sim? Pois direi sempre que não há quem escreva assim. Não mesmo! Parabéns!!!
ResponderExcluirHola Marcio, la prosa de los más hermosos que he leído. Me encantó la niña Aninha y golondrinas. Abrazo. Stell.
ResponderExcluirMaria Céo
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Lorena Nancy Antunez
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Joao Pedro Oliveira
ResponderExcluircurtiu isso.
Boa noite Márcio, seu conto é repleto de lindas imagens coloridas que emocionam, parabéns! A poesia embala-se no balanço... Abraços, Van.
ResponderExcluirMaria Céo
ResponderExcluirO texto é lindo!
Como é bom te ler..sempre nos traz paz ao coração e nos leva junto com a tua sublime inspiração...amoo! Bjs poeta!
ResponderExcluirLia Fragmentos de Cotidiano
ResponderExcluirLindo!
Homenagem mais que especial à minha filha, sua netinha de coração! Em nome dela, agradeço pelas palavras e, mais ainda, pela junção dessas palavras!! Obrigada, tio!!
ResponderExcluirLindo, Márcio.
ResponderExcluirPura poesia.
Abraço.
Vera Del Fuente
ResponderExcluirque lindo...bj grande
Ysolda Cabral
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Suas palavas nos levam a uma tela magnífica e cheia de vida. Sentia saudade de seus contos, sempre preciosos. Um balanço doce, como o chamou, e mágico. Abraço.
ResponderExcluirvania lopez
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Vinicius Rodrigues de Oliveira
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Maria Mineira
ResponderExcluirTernura em forma de palavras. Lindo!
Bruno S. Borges
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Carlos Borrego García
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João Carlos Silvério Duarte
ResponderExcluircompartilhou AO DOCE BALANÇO DE ANINHA
Tão sublime poeticidade é análoga à liberdade terna e feliz do balanço de Aninha e ao cordão das andorinhas no veraneio em seu apogeu de luz. Meus aplausos, Marcio, e um grande abraço.
ResponderExcluirIanie Davi
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Parece que o balanço descontraído de Aninha inspira o bailado das andorinhas tão ávidas de verão, de água. E sem o saberem inspiram magnífico conto com lindas imagens poéticas. Lindo, querido poeta.
ResponderExcluirluzes dobem
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Vanice Zimerman Ferreira
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Vanice Zimerman Ferreira
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Ceiça Lima
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Marilene Duarte
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Ternura de sobra! Lindo texto para Aninha. Parabéns, Buriti da sensibilidade literária.
ResponderExcluirRic Meirelles
Hermoso texto, Marcio. Llena de afecto y ternura. Que la gracia es niña Aninha... Beso, beso Marcio.
ResponderExcluirGahbi Francinni