Esta historinha vai pra minha amiguinha Eduarda Amaral Campos Alves, a Duda, e para sua madrinha Mariana, a Naninha.
Num dia alegre, dia do casamento da raposa, em que o sol brincava de diamantizar a chuvinha tão fina quanto cabelo de milho, a menina Duda chegou, de mão com sua madrinha, à casinha de um vozinho. Elas foram visita-lo e Duda levou-lhe uma mudinha de gerânio. “É florzinha do bosque”, disse Duda.
O vozinho cheirou a flor, puxou Duda a si, e, enlaçando-a com o braço frágil que nem perna de passarinho falou “Oh, menina linda! Esta florzinha é do bosque? Ah, lembrou-me uma historinha de bosque... De crianças, passarinhos e bosque. Vou-te contar essa historinha”.
O velhinho a contou ali mesmo, na varanda da casinha. Ele contava e, que nem a Duda, tinha os olhinhos dormidos numa roseira:
– Havia um bosque do lado da casa de um menino. O bosque era cheinho de frutas, flores e passarinhos. E ali, mexendo numa flor e outra, numa plantinha e outra, tal os passarinhos a mexer numa fruta e outra, havia uma menina.
Um dia, a menina pegou o menino olhando para ela, sobre o muro. Pensa que ela saiu correndo a gritar “mãê?”. Que nada! Ela fez foi acenar ao menino espião, convidando-o para brincar.
O menino saltou ao muro para um berçário de flores, plantinhas e passarinhos. Eles se apresentaram como Júlia e Guim, e à mesma hora virou uma festa, de brincadeiras. A primeira coisa foi o balanço; e, com os dias, Guim embalava o balançar de Júlia só pra ver o cabelo dela virar um leque no ar.
Ih! Brincaram muito. Guim fez-lhe bambolê de cipó, bilboquê de latinha, e eles formaram mudinhas de gerânio e outras flores. Enquanto passaram um tempo no bosque, protegiam os ninhos e aprenderam o canto de alguns pássaros. Aliás, eles se fizeram noutros passarinhos do bosque. Mas isso até o dia em que Guim chegou da escola e cadê Júlia? Júlia se mudou dali.
Nessa parte, o silêncio, que nem o que se faz ao ver-se quebrar um ovinho de passarinho, tomou conta deles. O braço frágil do vozinho descansava sobre os ombros da Duda, e seus olhos dormiam na roseira. Os olhos de Duda também dormiam na roseira, e ela segurava a leve mão do velhinho.
Ficaram assim até que Duda quebrou o silêncio:
– Ele não viu mais ela?
– Sim, Duda, ele a viu. Guim foi herói, só vendo. Mesmo com onze anos, ele enfrentou as ruas da cidade até o dia em que Júlia o gritou, atrás das grades da sua casa...
– E eles se viram mais?
– Sim, Duda, eles se viram mais... Aliás, eles se veem sempre.
– É? E cadê eles?
– Bom, vamos fazer uma coisa: entre com sua madrinha até o quarto e dê, também, o meu segundo beijo de hoje na vozinha Júlia... Ela está descansando. Vai. Vai lá!
Duda saiu devagar de sob o braço frágil do vozinho e, antes de entrar na sala, olhou para trás e respondeu ao sorriso do Guim.
Que história de amor linda e meiga.
ResponderExcluir" tinha os olhinhos dormidos numa roseira " que bela imagem Márcio. Parabéns. Como sempre seus contos me encantam. Meu carinho. Wanda
ResponderExcluirNão tem nada mais belo que o sorriso de uma criança em meio às flores, pássaros e a experiências adquiridas com o passar dos tempos. Muito linda essa mistura que você faz, seres e natureza. Obrigada pela oportunidade de poder ler suas historinhas. Carinho da Cida.
ResponderExcluirVocê sabe dar vida às palavras quando vai recolhendo e ajuntando uma a uma para formar um conto.Parabéns, Márcio!
ResponderExcluirUma linda história de amor disfarçada de conto de fadas!
ResponderExcluirLinda e encantadora história! Aplausos, sempre, meu amigo Marcio!
ResponderExcluirOlá!!!, Deus te abençoe, tenha uma semana encantadora, amigo estou entrando pela primeira vez no seu blog mais já estou amando as suas belas historias, o seu blog é maravilhoso continue assim, S-U-C-E-S-S-O
ResponderExcluirJá estou te seguindo, aguardo a retribuição.
Canal de youtube: http://www.youtube.com/NekitaReis
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Terno e encantador seu conto. Até vi o avozinho frágil fitando as flores, apoiando-se no ombro da ansiosa criança. Um amor da infância que desconhece o tempo e se eterniza. Abraço.
ResponderExcluirPodemos até sentir o frescor da chuva de cor diamante, ao ler mais uma das suas criações literárias.
ResponderExcluirO amor platônico entre duas crianças escrito com mestria, sendo precursor de um amor mais profundo num futuro, tavez, até longínquo.
Linda imagem... com os dias, Guim embalava o balançar de Júlia só para ver o cabelo dela virar leque no ar.
Meus parabéns não só para o autor, mas, sobretudo, para Mariana e Duda que têm papel importante na singela história de amor.
Olha só que beleza, beleza, beleza. Tenho de passar o dia no seu blog, Marcio. Beijo, lindo.
ResponderExcluirAnnalucia O. Rori
Uma beleza de sensibilidade num caso de amor. Que bom vir aqui, Márcio.Obrigada!
ResponderExcluirAnna A. Rodrigues
Vidas marcadas para seguirem juntas. Nada muda. Lindo, Márcio. Menina e madrinha certamente gostaram muito da historinha. Beijo, lindo.
ResponderExcluirPabline Luísa
Um caso de amor dos que se pode dizer que um nasceu para o outro. E a busca do menino prova isso. Parabéns, Marcio!
ResponderExcluirWanda.
Emocionante! uma história de amor que faz chorar. 10, Márcio! Beijo, lindo.
ResponderExcluirAlessandra Keppi