A festa, o quintal de sabores e cheiros, pássaros, roseiras e pés de figo no terreiro, e o coração dele a se tingir ao manacá, por tê-la visto à varanda.
Viu-a, e um desfio de saudade se lhe rompeu: os olhos da alma correram o lugarejo cortado por riozinho, onde nasceram. No entanto, o afã dos seus olhos por ela cortava o filme da saudade.
O tempo de criança, ele e ela e os outros a brincar no riozinho, foi-se mirrando e, de pronto, mirradinho. É que num pouco que o olhar dela topou o dele, um fiozinho de ímã se teceu do seu coração até ela.
Embora apagadinha, a lembrança, assim como a esperança, quando vê, pega vupt! Aí que’stá: uma passagem, a que ele queria morta, lhe saltou. Nela, ela se joga no riozinho e bate braços, à espera do mocinho. Que se quer cair no rio, fazer bonito, outro o faz e salva a mocinha. Disse, consigo: “Ô diacho!”
Largadas de mão as minúcias de saudade, o jeito foi dar jeito na convulsão das pernas, enquanto se lhe troteava o coração. Este batia “Vá para ela, sô!”, mas as pernas tremiam. Então, respirou fundo e optou por quem manda é o coração.
Olhos nos olhos, ela quase não teve força para destampar um “Oi”. Ele se fez forte e arrastou o “Como vai você, flor”. Aí, que ia descer às suas mãos o beijo, o velhinho dela, como a saltar no riozinho da emoção e a mocinha salvar, se pôs entre eles: “Velho, vá pra lá!” ― disse, empurrando-o.
Ninguém se deu pela desavença passional dos velhinhos. Mas a vida, em ternura para com eles, vibrou pela vovozinha, que partia corações, a abanar com seu leque à furta-cor o que lhe saía do ego massageado: o arzinho de coisa boa.