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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O companheiro Château de Pibarnon

CHEGOU e ficou de bobeira até se entregar ao sofá. Antes, de posse de uma safra antiga do Château de Pibarnon, tentou a TV; porém nada. Também, achava que umas bicadas no Château lhe dessem o start para entrar de sola numa conversa voz-a-voz, ao celular; porém nada. Recuou. Mesmo com três ou quatro tombos do Château na taça, a coragem foi pela mensagem: olha, eu não vou mais ficar-te esperando. E foi rasgando o verbo: não vou deixar que meus sonhos, minha terceira vida, se percam, na tentativa de te encontrar. E mais: aquilo, de o coração dar papilotes no seu nome, fazendo-o vibrar nos meus lábios, a ponto de ele me escapar à toinha, acabou. Saiba que, agora, e não é porque estou de coisa com “mon com.pa.gnon Châ.teau”, que não dá sinal de me deixar, agora eu tenho as rédeas de mim. E o tchã de tudo, que você não sabe, é que não vou mais chorar por você. Não, porque não vou mais pensar em você. Isso está consagradíssimo, na minha cabeça. Eu já domino meus sentimentos... Está aqui “mon com.pag.non” Château que não me deixa mentir. Meus sentimentos estão para mim como o eme está para as costas da minha mão. “Bien? Est-ce clair?”. Agora é assado, assim. Uma coisa, porém, eu devo confessar: eu te amo. Arre! Precisava dizer? Você sabe disso. E isso é o que diz, entre uma batida e outra, meu coração. É ou não é, Château? O que sai de entre uma batida e outra do coração é o que conta. A entrelinha do tum-tum é algo assim... É a coisa tal, entre a gente. É o que faz a gente lascar, sem hesitação, o “não me vejo sem você”. Mas eu não quero você. Isso está consagradíssimo, na minha cabeça. No entanto, eu tenho o direito de viver, me vendo... E sem você, eu não me vejo. É ou não é, Château? (SILÊNCIO) Bem, o som irremediável do fim deste caso bateu no apê vizinho: Quem é que pode ter quebrado garrafa hora dessas, mais de meia-noite? – zangou-se a vizinha. E a zangada vizinha não o soube como não soube que a irmã de sua vizinha encontrou-a dormida no sofá. E, num canto, reduzida a cacos, a digna de relicário garrafa vazia do Château de Pibarnom dedurava – o que o celular de certo homem armazenava em voz – como a noite havia sido para Anamaria.


Na visita do baterista-compositor Arthur Kunz, da Banda Strobo. Dedicada a esse músico excelente. 

8 comentários:

  1. Meu querido Buriti. Muito linda sua crônica. Muito obrigado pela dedicatória e continue escrevendo pra nós!

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  2. Bom dia, Marcio Buriti! Excelente! O que dizer? Creio que o Château deu vazão aos sentimentos quando adormeceu os sentidos. Abraço. Maria Mineira.

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  3. Cette nuit-là, Márcio! Belle chronique. Abraço daqui de Canadá! Bye! Malice.

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  4. Ah, Márcio! O tum...tum quando apaixonado retumba só amor. Não tem jeito. Adorei ler você neste momento. Abraços, Ysolda

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  5. Esse companheiro foi para o chão (rss), mas os sentimentos continuam lá, sufocados. Belíssima crônica. Abraço.

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  6. Olá Márcio,vim conhecer seu espaço e me deparei com um lugar forrado pelas letras.Belíssima crônica.A paixão nos dá uma canseira,às vezes, não é verdade?
    Fiquei um bom tempo aqui, mas voltarei para ler mais.
    Grande abraço!

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  7. Sempre muito bom ler-te! Tenha uma belíssima noite e um fds abençoado!

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  8. Fugindo a seu estilo, mais uma vez Márcio nos surpreende com uma confissão de amor sui generis. Interessante é o colóquio que mantém com o consagrado vinho, extravasando o que lhe vai na alma.
    Final do caso chegando até ao vizinho. Artimanhas do nosso autor, que só ele sabe fazer e com estilo próprio. Adorei. Bjs.

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